Fleabag
Levei 12 dias para terminar a série.
Recomendado pelo meu amigo Pedro. Não acho que seja daquelas que eu pessoalmente acharia por causa dos meus gostos, confesso que em alguns momentos ela me fez parar e pensar sobre coisas que normalmente eu deixaria passar.
"Fleabag” usa humor ácido e vulnerabilidade para mostrar dilemas humanos sobre amor, solidão e escolhas pessoais.
Primeira Temporada
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Solidão mesmo cercada de pessoas – Fleabag vive em festas, encontros casuais e relações superficiais, mas sente um vazio enorme. Mostra que a busca desenfreada por distrações não preenche a dor interna.
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Culpa e fuga – A relação dela com a amiga Boo e a tragédia que envolve sua morte revelam como a culpa mal resolvida pode levar alguém a se auto sabotar.
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Família disfuncional – O jeito como a madrasta tenta “assumir” o papel da mãe, e a frieza do pai, revelam que relações de sangue nem sempre significam apoio emocional.
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Humor como mecanismo de defesa – O “quebrar a quarta parede” (quando Fleabag fala com a câmera) mostra como ela usa ironia e sarcasmo para se proteger de sentimentos reais.
Segunda Temporada
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A busca por redenção – Logo no início, o jantar de família caótico simboliza um recomeço. Fleabag quer tentar ser alguém melhor, ainda que tropece.
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Amor impossível – O relacionamento com o padre mostra a intensidade de um amor verdadeiro, mas também o limite de escolhas que não cabem a nós.
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Aceitar deixar ir – O final, quando ela se despede da câmera (e de nós, espectadores), ensina sobre seguir em frente sem precisar de muletas emocionais.
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Vulnerabilidade é força – Ao se abrir com o padre sobre seus traumas e culpa, Fleabag mostra que ser vulnerável pode ser libertador.
📌 Temporada 1
- “As pessoas cometem erros. É por isso que colocam borrachas nas pontas dos lápis.” — Fleabag, T1E2
- “Ou todo mundo se sente assim um pouco e só não fala sobre isso, ou eu estou completamente sozinha.” — Fleabag, T1E4
📌 Temporada 2
- “O amor é horrível. É doloroso. Assustador. Faz você duvidar de si mesma. Arruína tudo. Não vale a pena. Mas fazemos de novo. E de novo. E de novo.” — O Padre, T2E6
- “Quando você encontra alguém que a vê de verdade, você não pode deixá-lo escapar.” — O Padre, T2E5
- “Eu acho que você sabe como amar melhor do que qualquer um. É por isso que você dói tanto.” — O Padre, T2E6
- “Não é que eu não saiba o que quero. É que ninguém mais sabe o que quer.” — Fleabag, T2E2
Fleabag: uma série sobre a crueza da vida e o peso de ser humano
Fleabag é uma daquelas séries que parecem pequenas, à primeira vista, ela pode parecer apenas uma comédia dramática sobre uma jovem sarcástica, autodestrutiva e cheia de comentários irônicos para a câmera. Mas, à medida que os episódios avançam, fica claro que é uma história sobre luto, identidade, relações humanas e a eterna busca por conexão.
Esse recurso de “quebrar a quarta parede” não é apenas uma piada ou estilo narrativo: é como se protagonista nos chamasse para ser sua cúmplice, para dividir pensamentos que não consegue compartilhar com ninguém ao redor.
Os personagens ao redor — a irmã controlada, o pai distante, a madrasta manipuladora, e principalmente o Padre (na segunda temporada) — cada interação mostra diferentes formas de lidar com dor, afeto e poder.
Mais do que uma narrativa sobre “superar problemas”, Fleabag é uma série sobre aceitar as contradições: ser engraçada e trágica ao mesmo tempo, amar e temer o amor, querer proximidade e fugir dela. Ela expõe a crueza de viver de um jeito sem filtros, mas também mostra que até nos erros, nas escolhas ruins e nos silêncios, há uma possibilidade de se se perdoar (reconhecer que errou e não se reduzir apenas a isso), se reconciliar (com outras pessoas ou consigo mesma), recomeçar (tomar decisões diferentes a partir da experiência).
No fundo, o maior ensinamento de Fleabag é que não existe vida “bem organizada” e sem dor. Existe, sim, a chance de ser honesta consigo mesma — mesmo que isso signifique olhar para o vazio e admitir que não temos todas as respostas.
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